segunda-feira, 4 de maio de 2009

Minha História Partes 5 e 6

Parte 5 - NOVO DIA, NOVA VIDA, NOVO VISUAL

No sábado levantamos já quase nove da manhã, foi maravilhoso acordar ao lado do Breno, era a primeira vez, foi tão legal vê-lo ali do meu lado cuidando de mim, me protegendo, ele me amava de verdade, só podia ser amor.
Acho que o Claúdio passou a noite imaginando coisas e criando formas de me esconder. Já de manhã ele tinha todo um plano montado. No café ele falava, o Breno ria de seus jeitos e eu arregalava os olhos... Mas tudo que aconteceu comigo nos cinco anos e meio que fiquei sem ver minha família, só aconteceu por causa do Breno e do Claúdio, eu devo tudo a eles. Ele planejou uma vida nova e um visual novo e me garantiu que eu poderia andar sem medo por todos os lados, na verdade eu tive medo por muito tempo, mas quanto mais o tempo passava, mais o medo ia se desfazendo.
O Claúdio é funcionário público na área da educação e muito bem relacionado. Em outra parte falo mais dele. Assim naquela tarde de sábado, ele me levou num salão e mandou clarear mais o meu cabelo e fazer luzes. Pra mim que já tinha os cabelos castanhos, achei que ficou legal. Dali me levou para escolher óculos, sem grau, mas bem fashion, escolhemos um legal de armação preta para contrastar com as luzes do cabelo. E a noite ele me deu um par de lentes verdes, pois meus olhos sãos castanhos, no início eu relutei, mas acabei cedendo. A noite saímos, ele me apresentou a alguns amigos e eu fui o centro das atenções, mas ele não disse nada de minha história de fuga, aliás isso ficou todo o tempo entre eu, ele e o Breno, que ao me ver se assutou como meu novo look. Até eu estava me sentindo estranho era como se outro cara tivesse entrado em mim... Mas na verdade tenho que reconhecer que o Claúdio fez milagres. Naquela noite, quando voltei pra casa eu me olhava no espelho e nem eu mesmo me reconhecia, era literalmente outro Jason.
Uma semana depois eu já estava numa sala de aula, de uma escola particular e o pior com um nome falso. Eu agora seria o Jean Paulo. Parece coisa de novela, mas é verdade e tudo isso me custou muito sofrimento, dor, medo, tristeza (lágrimas) até hoje eu choro quando lembro de tudo que passei.
Todos os dias quando eu deitava eu pensava em minha família. Já havia passado uma semana. Como estaria sem saber onde eu estava? O que estaria fazendo? Estariam tristes e me procurando? E a polícia estaria mesmo empenhada em me encontrar? E se me encontrassem? O tempo foi passando. E eu até estava contente. Mas feliz eu nunca mais havia sido desde o dia em que saí de casa. Minha felicidade só voltou no dia em que eu os revi, cinco anos e meio depois. Foi muito tempo, eu sofri, só eu e Deus sabemos. Ninguém pode imaginar o quanto de lágrimas eu devo ter chorado no escuro de meu quarto. O tempo foi passando apesar de tudo eu fui me acostumando com a situação. Deixei o cabelo crescer um poco e o nome Jean já fazia mesmo parte de minha nova identidade. Até o Breno as vezes me chamava de Jean. E também minha relação com ele chegou ao fim. A gente se gostava muito, mas tínhamos pouco tempo para nos ver. Hoje somos dois grandes amigos, amigos que se amam. O Breno fez tudo que alguém que diz: “eu te amo” deveria fazer por seu amor. Ele me provou isso muitas vezes. E o tempo passou...


Parte 6 – MINHA FORMATURA DE 2º. GRAU

Eu sempre quis ter uma festa de formatura. Mas eu só apareci no baile. Na colação de grau mesmo eu não poderia ir. Essa parte do porque, seria longa demais para explicar. Novamente o Claúdio fez milagres pra meu histórico e diploma sairem no meu nome verdadeiro e ainda ficar em sigilo absoluto. Eu teria que ter esses documentos no meu próprio nome ou mais tarde me daria problema. Em uma outra parte vou falar como foi a história de minha carteira de identidade. Se meu diploma e histórico não fossem expedido em meu nome verdadeiro eu teria que ser o Jean Paulo pra sempre, afinal eu iria fazer faculdade e já na faculdade meu nome foi o real.
Eu já acostumado com o novo visual, que já passado mais de dois anos nem era novo mais, a única novidade é que acrescentei um cavanhaque em meu visual, assim eu vivia como se tudo estivesse normal. Mas em cada faze nova o medo me assombrava e eu sabia que eu ainda não havia alcançado meus objetivos todos. E no fundo eu sabia que eu era aquele menino pobre, da periferia da cidade. Eu ia completar 18 anos e ia fazer vestibular. E isso era agora o mais importante pra mim. No dia em que eu peguei meu histórico e diploma, ali morreu o nome Jean. Mas o medo aumentou em minha cabeça. Assim fiz inscrições em três faculdades, apesar do medo eu nunca desisti das metas traçadas.
Passados esses dois anos e meio, eu ainda trabalhava entregando marmitas e jornal, mas estava prestes a conseguir um trabalho de office-boy que um cliente de jornal estava me arrumando. O Claúdio disse que me arrumaria um trabalho, mas o tempo foi passando e ele nada. Até que um dia eu ouvi ele dizendo pro Breno que eu deveria ralar mesmo. Pra valorizar minhas conquistas e ele estava certo. Mas um tempo depois ele me arrumou um trabalho, mas falo disso depois.
Apesar de já ter passado dois anos e meio que eu saira de casa, quase todas as noites eu ainda chorava de saudade e as mesmas perguntas se passavam em minha cabeça: como estariam? Teriam desistido de mim? Estariam sofrendo? Muitas vezes eu pensava em desistir e correr pra casa de novo...
Fiz três vestibulares e passei em dois e fui fazer administração. Na faculdade pra todo mundo eu era o Júnior ou o júnim... e logo, logo eu comecei a trabalhar de office-boy, o trabalho não era lá essas coisas, mas era melhor que entregar jornal pela manhã e marmitas no almoço... e quando estava chovendo... eu sempre saia de casa cedinho 5 da manhã pegava os jornais e era uma longa jornada... mais tarde um pouco as marmitas. Já como office-boy e na faculdade eu já começava a sonhar com algo melhor... eu queria logo fazer um estágio em minha área de curso. Mas o tempo foi passando...e lá se foi o primeiro ano de faculdade.
Parte 7 a continuar...

2 comentários:

FOXX disse...

nossa
que doloroso!
imagino como isto deve ter te machucado

alex e! disse...

...olá. Quando vi que o teu blog era dividido em partes, resolvi voltar e ler do início. É impressionante a tua história e as coisas que cê teve de passar por ser, digamos, "diferente". E é também uma maneira que outras pessoas possam ver como exemplo e tomar as rédeas da própria vida, coisa que envolve muitas vezes ter de tomar decisões dolorosas e arcar com as consequências, né... Mas cada um sabe o trajeto por que passou e carrega as experiências consigo mesmo. Voltarei pra te acompanhar aqui, fiquei curioso e admirado...

abraço do alex.....

PS: e obrigado pela visita e pelos elogios lá no mundo. Sinta-se sempre bem-vindo =D....